Uma história previsível, mas deliciosa...
- Tadeu Mouzer - crítica cinematográfica
- 7 de dez. de 2018
- 2 min de leitura


Edward Mãos de Tesoura é considerado pelo próprio diretor, Tim Burton, como o seu melhor filme. Um clássico do cinema dos anos 90, a obra nos apresenta a história de Edward (Johnny Dep), uma "aberração" criada por um cientista maluco, Vincent Price. O inventor faleceu antes de terminar o seu último trabalho, um jovem artificial de carne e osso, que ficou completamente sozinhos e sem as mãos, que ainda não haviam sido terminadas. Um certo dia, a vendedora Peg (Diane West) visita a sombria mansão onde os dois moravam. Tocada pela situação do rapaz, ela o leva para a sua casa e, finalmente, o apresenta à sociedade.
Uma superprodução, digna do selo Tim Burton, é um prato cheio para os olhos e ouvidos. A fotografia, bastante marcada pelo expressionismo alemão, traz contrastes de cores berrantes aos personagens da trama, enquanto Edward adota um visual gótico e obscuro. A disposição dos elementos do cenário é tão detalhada e extravagante que chega a ser psicodélico. A trilha sonora não fica para atrás, feita especialmente para o filme, ela nos leva por uma viagem, em que a partir do som é possível sentir o que Edward sente. O protagonista conhece a sociedade e vive experiências inimagináveis por ele até então.
O roteiro é previsível, mesmo com todo misticismo e fantasia que cercam a história, o romance de Edward e Kim (Wyona Rider), que é o principal ponto de virada na história, já é esperado, assim como todas as dificuldades que Edward enfrenta. Mesmo sendo um filme do final do século passado, a história não traz muitas diferenças de um romance adolescente. Mas isso não tira o encanto do filme, um amor proibido é algo que aproxima o público do filme.
A jornada do protagonista se baseia na forma como ele se relaciona com as pessoas ao seu redor e vice-versa, e traz a reflexão de que tudo que é diferente, e estranho aos olhos, tende a ser odiado e desprezado. E é isso o que acontece com Edward. Suas mãos de tesouras, por um breve momento, adoradas pela cidade, se tornam um incômodo, gerando revolta entre os moradores.
Mesmo com um roteiro não tão inovador, a estética do filme e a montagem de cenas curtas e dinâmicas valem a pena. As sacadas de humor, drama e obscuridade também fazem de Edward Mãos de Tesoura um filme fácil de ver e se identificar. Afinal, quem nunca se sentiu um estranho no ninho?
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