Seguindo os próprios instintos
- Tadeu Mouzer
- 25 de set. de 2018
- 2 min de leitura

Em uma sexta feira comum do ano de 1807, na Irlanda, um jovem plebeu chamado Jorge, vivia mais um dia de labuta. Jorge é brasileiro e há 6 meses vivia em Dublin, guiando charretes e transportando os cidadãos daquela cidade para cima e para baixo. Não ganhava muito bem, mas o suficiente para se sustentar. Como seu trabalho era itinerante, em pouco tempo já conhecia cada canto da cidade, e muitas pessoas também.
Naquela tarde de sexta feira, encontrou alguns amigos brasileiros, que lhe contaram sobre um grande festival que aconteceria nas redondezas. A entrada custava 10 moedas. Era muito para Jorge, mas ele queria muito ir. Então pegou todo o ganho do seu suor diário e partiu com seus amigos.
Ao chegar na entrada do festival, péssima notícia: a entrada que Jorge acreditava ser 10 moedas, agora custava 30, e ele não tinha como pagar. Seus amigos entraram, e Jorge se viu sozinho, em um país diferente, com saudade de sua família e sem dinheiro. Cabisbaixo, foi tomando o seu caminho de volta para casa.
Subitamente, Jorge sentiu uma vontade forte de urinar e decidiu seguir seu instinto natural e dar uma mijada ali mesmo, em um dos muros que cercavam o evento. Ao encostar-se no muro, Jorge não acreditou, havia um buraco por onde era possível adentrar aquela festa. Mas havia um porém, no final da rua onde ele estava, um guarda estava em vigília. Ele repensou, olhou para o buraco e novamente para o guarda, e para sua surpresa ele estava vindo em sua direção.
Neste momento, Jorge sentiu muito medo. Ele era ilegal naquele país e poderia ser extraditado. Seu coração gelou. Uma onda de nervosismo tomou conta de seu corpo. Quando o homem se aproximou, ele sequer conseguia proferir uma palavra. O guarda disse: “O que você está esperando cara? Pula logo esse muro! Não vai pelo buraco porque do outro lado tem uma cerca de arame”. Jorge não acreditava no que acabara de acontecer. A felicidade era tanta que chegou a pedir um abraço ao guarda, que de pronto negou, e alegou estar em horário de trabalho.
Jorge então entrou no festival e viveu ali os melhores dias de sua vida. Mesmo sem encontrar nenhum de seus amigos, fez amizades incríveis. Ele conheceu gente de todo mundo, viveu experiências inesquecíveis, e até hoje, mais de 200 anos depois, afirma que seguir seus instintos foi o que lhe abriu as portas para o mundo, e para aquele festival.
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