A história verdadeira de uma morte falsa
- Ramon Rodrigues
- 21 de set. de 2018
- 2 min de leitura

Como iniciar uma história de uma pessoa nova que quase partiu? Bem, já perceberam que nossos pais tem a “boca da verdade”? Tudo o que falam, acontece! Comigo foi assim. Quase morri umas três vezes e a primeira foi quando me disseram: “Filho, nunca coloque a cabeça ou os braços para fora do carro. Algo pode vir e te acertar. ” No mesmo dia, quase fui decapitado numa van e isso é um spoiler do final dessa incrível história quase triste. Então, quando os pais derem um conselho, é melhor segui-lo.
Era 2005 e na cidade de Macaé ainda circulavam as vans - um baita adianto. Neste dia eu estava mega atrasado, era fim de ano e eu viajaria no final de semana. Nossa! Aquela sexta estava bem corrida. E os coletivos e vans, lotados. No Centro, tentamos correr com as compras e fazer tudo o mais rápido possível para voltar antes do horário de pico. Mas ao descer da van, quase fomos atropelados por um motoqueiro que estava em alta velocidade e cortando todos os carros. Depois do susto, fomos direto às lojas e conseguimos comprar o que estava na lista - desde presentes até comidas para o Natal.
Por incrível que pareça, sobrou tempo e foi aí que encontramos um conhecido na rua, que nos deu notícias da família dele. Uma delas era que alguém - que não lembro mais - havia prensado o braço na parede de casa porque estava com o braço para fora do carro, pela janela ao entrar na garagem. Foi aí que veio a frase da minha mãe: “Nunca coloque a cabeça ou os braços para fora do carro. Algo pode vir e te acertar. Tá vendo só? Escuta!”
Eu não sei quem escutou ou o quê, meia hora depois pegamos uma van para o meu bairro. Ela encostou, nós entramos e, como de costume, fui sentado na janela do lado direito. Estávamos na Rua da Praia. Sentamos na última fileira. E ainda entravam passageiros quando eu coloquei o rosto para fora. Para quem não sabe, as vans têm portas de correr. Como estava pouco aberta, não vinha até a última janela, na qual eu estava com a cara para fora. E foi aí que uma mulher correndo gritou para não perder o transporte que já estava de saída. O cobrador da van abriu a porta com tudo, e essa mesma mulher conseguiu, a tempo, empurrar minha cabeça para dentro.
Todos na van ficaram assustados. Minha mãe estava nervosa. Em 2005, eu ainda era criança e não ligava para nada, apenas pensava: “não aconteceu nada, então estou tranquilo”.
Hoje, com vinte e dois anos, eu paro e penso o que seria dos meus pais se algo pior acontecesse. Sou filho único e meus pais, na época, já tinham passado dos 45. Às vezes a gente só pensa ou reflete sobre algo quando já passou e daí nada se resolve.
Essa foi apenas uma história para vocês que não escutam suas mães. Fiquem atentos ao que elas falam e, se for desgraça, não desobedeça - ou vai acontecer exatamente o que ela disse. E vocês, mães de crianças, não profetizem desgraça. Contêm uma história, inventem algo novo e fiquem atentas, pois nenhuma criança costuma obedecer a todas as ordens.
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