Bodyboard macaense pede apoio
- Bianca Fratus
- 8 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
Todas as terças e quintas-feiras, a partir das 15h, o mesmo ritual se repete. Os alunos da escolinha de bodyboard da Associação Macaense de Bodyboard (AMB), na Praia dos Cavaleiros, em Macaé, vestem os coletes vermelhos e caem na água sob os olhares atentos do professor Rodrigo Coelho. São crianças e adolescentes, entre 10 e 17 anos, que partilham do sonho de se tornarem atletas profissionais um dia.

Rodrigo Coelho, professor e presidente da AMB, orienta seus alunos. Foto: Bianca Fratus
Hoje, apenas 15 meninos e meninas podem participar do projeto. Isso porque há pouco mais de dois anos a escolinha parou de receber o patrocínio da Prefeitura Municipal de Macaé. “Hoje em dia a prefeitura cede apenas o espaço, a sede da escola de surf, mas os recursos, professores e material são da associação”, afirma Coelho, que é professor e presidente da AMB. A falta
de apoio deixa muitas crianças e adolescentes na fila de espera por uma chance de ingressar na escolinha, que já teve grandes nomes como Jéssica Becker e Thiago Limeira, dois macaenses campeões na modalidade.
Aqueles que já estão dentro do projeto também sentem o impacto da falta de incentivo por parte do poder público e da falta de patrocínio. É o caso de Luan Tavares, de 17 anos, que começou na escolinha aos 12 e hoje já auxilia o professor Rodrigo Coelho nas aulas. Lá ele é também uma inspiração. O bodyboarder macaense já participou de cinco etapas do circuito mundial, ganhando destaque nas duas últimas, quando ficou na 2ª colocação competindo no Brasil, e em seguida arrebatou a 5ª posição no Chile. Ao final, cravou a 9ª posição no ranking mundial da modalidade.

Luan Tavares tem atuado com destaque no circuito mundial. Foto: Bianca Fratus
Mas não foi fácil chegar lá. “O cenário do esporte no momento está bastante difícil com falta de patrocínio e apoios. Nos últimos meses deu uma melhorada por causa da AMB. Tenho alguns patrocinadores, mas não o suficiente para bancar as viagens para as competições. Correr o circuito mundial sai muito caro”, afirma o atleta.
Assim como Luan, Carol Ferreira, de 17 anos, também deseja representar o país em campeonatos da modalidade. “Meu sonho é me tornar profissional de bodyboard, competir mundiais e ter uma vida boa, nada mais”, disse.
Apesar da dificuldade para traçar o “caminho das pedras” até alcançar destaque nas ondas, Carol, Luan, Rodrigo e a AMB continuam apostando que essa ainda é a melhor maneira de dar aos jovens uma boa oportunidade de vida.

“O esporte faz a gente ter uma conexão com a natureza, tira muitos jovens da vida errada, faz ter mais responsabilidade, ajuda a traçar um rumo para a vida e me ajudou muito a adquirir paciência, hoje em dia sou mais tranquila e focada nos meus objetivos”, conta Carol.
Tudo isso porque mais do que ter habilidade com a prancha, os alunos da escolinha de bodyboard da AMB precisam cumprir uma exigência que o professor e presidente da associação faz questão de lembrar durante as aulas: todos precisam estar matriculados na escola. Faltar dia letivo para surfar? Não pode. “Eu passo para eles um pouco do que eu passei para chegar até aqui, digo que o estudo faz eles surfarem melhor também, com mais disciplina e inteligência”, afirma Rodrigo.
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