Rede hoteleira de Macaé não é a segunda maior do estado
- Ian Neves*
- 9 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
A Câmara dos Vereadores de Macaé aprovou, recentemente (19/09/2017), o Projeto de Lei (PL) 011/2017, no qual são propostas mudanças na atuação do Conselho Municipal de Turismo de Macaé (Comtur). Com 9 votos a favor, 4 abstenções e 1 voto contra, foi acordado que a representação da Comtur pelo governo será menor, passando a ser coordenada por órgãos e instituições privadas, como o Macaé Convention & Visitors Bureau, o Polo Gastronômico e o Iate Clube, além de membros do setor hoteleiro.

Praia dos Cavaleiros, Macaé-RJ. Foto: Gladstone Peixoto Moraes/Creative Commons
Após críticas do vereador Marcel Silvano (PT), o qual afirmou que “o governo lava as mãos e tira de si a responsabilidade de atuar para fomentar o turismo de maneira séria”, Welberth Rezende (PSS) apresentou o seguinte fato:
“A composição que foi apresentada surgiu dos próprios empresários que já atuam no setor. Parabenizo o secretário (de Turismo) Leo Anderson pelo empenho e lembro que somos a segunda maior rede hoteleira do estado, o que nos coloca com forte potencial para o turismo de negócios”.
Decidimos buscar informações e checar se Macaé tem, de fato, a segunda maior rede hoteleira do estado do Rio de Janeiro, afirmação que tem sido reproduzida por diversas pessoas públicas da cidade. Após extensa pesquisa, acessamos o site do Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor de turismo, o Cadastur.
O programa é executado pelo Ministério do Turismo em parceria com os órgãos oficiais de turismo nos 26 estados e no Distrito Federal, e o cadastro é obrigatório para as seguintes atividades: agências de turismo, meios de hospedagem (albergue, condo-hotel, flat, hotel urbano, hotel de selva, hotel fazenda, hotel histórico, pousada, resort e cama & café), guias de turismo, transportadoras turísticas, acampamentos turísticos, organizadoras de eventos e parques temáticos.
Após constatar que o número de meios de hospedagem em pequenas cidades do estado é irrelevante, focamos nossa pesquisa nas cidades maiores e mais conhecidas. Desse modo, analisando cidade por cidade, levantamos os seguintes números de meios de hospedagem: Rio de Janeiro (283), Parati (98), Armação dos Búzios (85), Angra dos Reis (54), Petrópolis (51), Cabo Frio (40), Teresópolis (33), Macaé (27), Arraial do Cabo (25), Niterói (23). Segundo esse critério, portanto, Macaé tem a oitava maior rede hoteleira do estado e não a segunda. Quando levamos em consideração o número de leitos disponíveis por município, Macaé ocupa a terceira colocação, atrás de Búzios e do Rio de Janeiro, primeira colocada em ambos os quesitos, como pode ser observado na tabela a seguir.

Assim podemos concluir que a afirmação de que Macaé possui a segunda maior rede hoteleira do estado é falsa.

Tentamos nos comunicar com as Secretarias de Turismo de cada município acima citado, mas obtivemos resposta apenas de Cabo Frio, Angra dos Reis e Arraial do Cabo. O Centro de Informações Turísticas (CIT) de Angra dos Reis detalhou que existem 262 meios de hospedagem e 10.355 leitos, número superior ao que se encontra no Cadastur; a Secretaria de Turismo de Cabo Frio relatou que são 120 estabelecimentos do setor hoteleiro e cerca de 8.000 leitos, dado este que também não condiz com o programa de cadastro dos atuantes no setor de turismo; por fim, a Secretaria de Turismo de Arraial do Cabo informou, por e-mail, que há 36 meios de hospedagem legalizados no município, somando cerca de 2 mil leitos disponíveis.
Além disso, mandamos um e-mail para o presidente da Macaé Convention & Visitors Bureau, para a Secretaria de Estado de Turismo (SETUR) e para a Associação de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (ABIHRJ) para verificação dos dados, mas até o momento não obtivemos resposta de nenhuma das três instâncias. Caso haja retorno, atualizaremos a matéria.
*Texto atualizado no dia 22/11/2017, às 19h35.
Comments