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CHECAMOS: vereador de Macaé exagerou ao falar de segurança pública

  • Bianca Fratus e Ian Neves
  • 21 de set. de 2017
  • 4 min de leitura

Viatura do 19° Batalhão de Polícia Militar do Rio de Janeiro. Foto: André Gustavo Stumpf/Flickr

Viatura do 19° Batalhão de Polícia Militar do Rio de Janeiro. Foto: André Gustavo Stumpf/Flickr

Em audiência pública realizada na Câmara dos Vereadores da cidade de Macaé-RJ no dia 14 de agosto, foram discutidas, junto com representantes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), políticas de segurança da cidade e da região, passando pelos municípios de Conceição de Macabu, Quissamã, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e Carapebus. Com o aumento do número de homicídios e do índice de violência na região, autoridades pediram, além de mais viaturas, crescimento do efetivo policial e uma Delegacia de Homicídios (DH).


Ao dizer que as políticas de segurança são realizadas principalmente para a capital, o vereador de Macaé Welberth Rezende (PPS) afirmou que as regiões são esquecidas e fez a seguinte comparação: “Enquanto a Zona Sul do Rio de Janeiro dispõe de um policial para cada 300 cidadãos, o interior do Estado possui um policial para mais de 2 mil habitantes”. Veja o vídeo, no momento 1:45:00.


Será que esses números realmente refletem a realidade da capital e do interior?


De acordo com dados do Conselho Nacional do Ministério Público divulgados pelo Jornal O Dia, existem 780 policiais ativos no 32º batalhão, que atende aos seis municípios citados pelo vereador na audiência. Dividindo o número de policiais pelo total de habitantes dessas seis cidades do interior do estado (402.563 cidadãos, de acordo com o censo mais recente do IBGE, publicado em 2010), descobrimos que a proporção é, na verdade, de 3,9 policiais para cada 2 mil habitantes, e não apenas um, como afirmou o vereador.


Com base nos mesmos dados do Conselho Nacional do Ministério Público, concluímos que 1.352 policiais atuam na Zona Sul do Rio de Janeiro, excluídos os bairros Catete, Humaitá, Laranjeiras, Rocinha e Urca, que não estão listados no site da Polícia Militar.


Segundo dados do site da Prefeitura do Rio de Janeiro, os bairros da Zona Sul abrigam um total de 476.101 habitantes. Dividindo-se o número de policiais pelo número de habitantes, a proporção de militares para cada 300 cidadãos é de 0,8. Vale lembrar que fizemos os cálculos relacionados à Zona Sul sem incluir os seguintes bairros, por não possuírem um batalhão declarado no site da PM: Catete, Humaitá, Laranjeiras, Rocinha e Urca.


Para uma comparação mais precisa, vejamos quantos policiais atendem a 2 mil habitantes na Zona Sul do Rio. Através do mesmo cálculo, chegamos ao resultado de que são 5,7 PMs, enquanto nas cidades citadas são 3,9 policiais para o mesmo número de habitantes.


Diante disso, podemos concluir que o vereador Welberth Rezende erra ao afirmar que Macaé e região contam com apenas um policial para cada 2 mil habitantes. Como vimos, são 3,9. Por outro lado, ele se aproxima da proporção correta ao afirmar que na capital há um policial para cada 300 habitantes. Fazendo o cálculo considerando o mesmo número de habitantes (2 mil), com vistas a obter uma comparação mais precisa, percebemos que existe, de fato, maior disponibilidade de policiais no Rio, mas a diferença não é tão grande como afirma o vereador. São 5,7 a cada 2 mil habitantes no Rio e 3,9 a cada 2 mil habitantes em Macaé e região. Diante disso, classificamos a afirmação do vereador como EXAGERADA.

Entramos em contato com o vereador Welberth Rezende para confirmar os dados citados na audiência e apresentar nossas conclusões. Sua resposta se encontra abaixo:


“Fico feliz com o contato, esta fala foi feita em uma audiência pública com atores do estado, onde o contexto era mostrar aos deputados responsáveis pelas políticas públicas do Estado, que as políticas públicas de segurança são infinitamente menores no interior do estado em relação a capital.

Pesquisando um pouco melhor sobre o tema, não conseguimos achar esses números, pois usávamos base de dados um pouco desatualizada, e como no batalhão de Macaé, temos informações mais precisas quanto aos policiais baixados, levamos em consideração não o efetivo do 32 BPM, mas sim os que estavam na atividade no batalhão que nos atende, que durante operações na capital chega a ter aproximadamente até menos de 20 % de alguns batalhões privilegiados da capital. Cito como exemplo o batalhão da Praça da Harmonia (5 BPM), que em nossa última consulta tinha 153,56 habitantes por PM.

Em nossa última pesquisa vimos que o batalhão do Leblon tem um número de 424 habitantes por PM, (e não mais de 300), numero também bem superior ao de nossa região e em relação a Baixada, mas se levarmos em consideração a proporção de habitantes por PM do 5 BPM, vimos que as coisas pioram muito, temos um claro descaso da política pública de segurança da capital em relação ao interior.

Volto a lembrar que o contexto era mostrar a desproporção e o descaso, sendo assim, se usarmos os números que conseguimos obter do 5 BPM do Rio em relação ao 32 BPM, teremos uma proporção ainda menor da que apresentamos(20%).

Outro dado importante é que temos no Rio um número de 345 habitantes por policiais. Número este bem distante dos apresentados em nossa região.”


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A ENFOCA é um projeto realizado pelos alunos das disciplinas de Laboratório de Jornalismo 1, 2 e 3, da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora - Macaé/RJ. Sua missão é fazer da prática jornalística uma prestação de serviço ao interesse público em Macaé e região, através da checagem de fatos (fact-checking), da cobertura cotidiana e de grandes reportagens.

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